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O que é TDAH – Déficit de Atenção e Hiperatividade ?

O TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é uma síndrome (conjunto de sintomas) caracterizada por distração, agitação / hiperatividade, impulsividade, esquecimento, desorganização, adiamento crônico, entre outras.
Todas as pessoas, tanto crianças quanto adultos, apresentam estas características em pelo menos algumas situações – o que é completamente normal. Porém, quando as queixas e os problemas causados por elas são muito intensos, pode ser alguma outra coisa – dentre as alternativas, que a causa dos problemas seja o TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção. Se for este seu caso – ou se você estiver em dúvida, saiba que há diagnóstico e tratamento para TDAH, que pode prevenir e aliviar muito sofrimento.

Causas do TDAH – Um transtorno neuro-comportamental

O TDAH é um transtorno de “base orgânica”, associado a uma disfunção em áreas do córtex cerebral, conhecida como Lobo Pré-Frontal. Quando seu funcionamento está comprometido, ocorrem dificuldades com concentração, memória, hiperatividade e impulsividade, originando os sintomas do TDAH – déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade.
Normalmente, em atividades como estudo, leitura ou outras que exijam concentração, o cérebro aumenta os níveis de ativação, justamente para dar conta das exigências. Nos casos típicos de TDAH, a característica psicofisiológica mais comum é a hipofunção / hipoativação do córtex pré-frontal, na qual uma quantidade significativa de neurônios pulsam mais devagar que o esperado, especialmente quando as circunstâncias exigem maior esforço mental e, portanto, maior ativação.
Imagens funcionais do cérebro mostraram menor ativação das áreas frontais em portadores de TDAH, especialmente ao tentar concentrar ou realizar esforço mental. Estes desequilíbrios estão relacionados à ação de neurotransmissores, que por sua vez determinam os disparos elétricos dos neurônios. Apesar de não haver certeza sobre as causas destas alterações, estudos já apontaram forte correlação entre TDAH, tanto na forma de déficit de atenção quanto de hiperatividade e impulsividade, com hereditariedade. (Imagens: Clinica Amen, EUA / Brookhaven National Laboratory).

As áreas de menor ativação (com a aparência de”buracos”) indicam menor consumo de energia (menor metabolismo de glicose). Em descanso, há maior similaridade entre o cérebro TDAH e normal – em descanso, as diferenças são poucas. O problema aparece mais claramente é exigido concentração, controle da hiperatividade e esforçao mental, pela necessidade de maior ativação cognitva. Isto pode ser visto na figura da direita, indicando que portadores de TDAH enfrentam as maiores dificuldades justamente no momento em que precisam se concentrar (As imagens foram obtidas através de SPECT).

TDAH e Comportamento: O papel da história de vida e circunstâncias externas

Em paralelo a esta “base biológica”, o TDAH tem também fortes componentes comportamentais. Nossa maneira de ser – tanto o funcionamento do cérebro quanto nossa personalidade, hábitos e preferências – são resultado de uma intrincada interação entre nossa carga genética e todas as experiências pelas quais passamos, desde antes mesmo do nosso nascimento. O cérebro, em si, somente se desenvolve em função destas interações, de toda a estimulação que recebe e das aprendizagens que delas decorrem. Podemos dizer, sem sobra de dúvida, que o cérebro se reconstrói literalmente ao longo da vida. A isto se chama neuroplasticidade.
A probabilidade do TDAH se manifestar ou não, bem como a intensidade dos sintomas tem relação direta com as experiências pessoais e o estilo de vida. Por exemplo, pessoas que tenham passado a infância numa família muito desorganizada, sem rotinas e hábitos regulares; que não tenham sido adequadamente supervisionadas quando crianças ao fazer as tarefas escolares ou que, quando adultos, tenham por hábito fazer muitas coisas ao mesmo tempo (multi-tarefas), provavelmente terão problemas em conseguir realizar suas atividades até o final, mantendo-se concentradas e focadas em seus objetivos. Caso alguém com esta história de vida, ao mesmo tempo, sofra também com as fragilidades biológicas do TDAH, suas dificuldades serão ainda maiores. Por outro lado, se um portador de TDAH consegue criar rotinas, desenvolver hábitos e mudar seus comportamentos, a intensidade dos sintomas será menor, eventualmente até mesmo desaparecendo.

Diagnóstico para TDAH – Como encontrar o melhor diagnóstico

O diagnóstico do TDAH – Déficit de Atenção e Hiperatividade exige bastante cuidado e experiência. Apenas com um diagnóstico preciso é possível encontrar tratamentos realmente eficazes, que levem em conta as necessidades de longo prazo, sem esquecer o que é importante no curto prazo. Estes cuidados indispensáveis quando se suspeita de TDAH, pois há vários outros problemas e transtornos que podem mimetizar (imitar) seus sintomas.
Outro aspecto que não pode ser esquecido ao fazer o diagnóstico do TDAH é a possibilidade de ocorrência de mais de um problema ao mesmo tempo – o que é chamado de comorbidade. Isto acaba tornando o processo de diagnóstico ainda mais complexo. Comorbidades precisam ser contempladas nos tratamentos, para alcançar os resultados esperado. Justamente por isto, é preciso ir além de uma simples lista de sintomas, até alcançar a uma análise extensa do caso. Veja mais sobre o processo de diagnóstico do TDAH e também o que é / como é feito um diagnóstico diferencial.

Tratamentos para TDAH – Múltiplas necessidades e frentes de ação

A abordagem mais tradicionalista do tratamento do TDAH defendia que a primeira linha de ação deveria ser medicamentosa e que qualquer outro tratamento seria apenas acessório. Esta visão já foi superada, na medida em que foi ficando cada vez mais claro que o TDAH não é apenas uma disfunção cerebral. Justamente por isto, tratamentos exclusivamente medicamentosos são insuficientes para chegar aos resultados esperados, tanto em crianças quanto em adultos. Há múltiplas abordagens de tratamento disponíveis, que podem ser usadas em combinação, para atender a necessidade específica, incluindo medicação, psicoterapia, coaching, ginástica cerebral e biofeedback, entre outras.

Por Cacilda Amorim, psicóloga e coach comportamental.  Disponível em: <https://dda-deficitdeatencao.com.br/oquee/>.