Se você pretende prestar concursos para a área da Educação, principalmente para os cargos do magistério, deverá esturar as teorias pedagógicas e suas implicações na Educação Básica. Confira algumas noções sobre a pedagogia liberal, o tecnicismo, os crítico-reprodutivistas e a educação progressista.
A pedagogia brasileira e a didática foram influenciadas por grandes teóricos e filósofos que, com suas ideias, moldaram as escolas que conhecemos hoje. Para compreender melhor, é preciso dividir as tendências pedagógicas em duas vertentes: a liberal (que compreende a tradicional, renovadora progressiva, escola nova e tecnicista) e a progressista (que inclui as tendências libertadora, libertária e crítico-social dos conteúdos).
Pedagogia liberal
Essa pedagogia visa ao aspecto instigador que a educação pode proporcionar ao aluno, mostrando que ele pode aprender conforme suas aptidões e preferências. Não confunda liberal com democrático, porque não traz nenhuma relação. A pedagogia liberal objetiva a cultura individual de cada aluno, ensinando em como viver na sociedade em harmonia.
Um dos autores ainda formadores dessa tendência pedagógica é Paulo Freire, que disseminou a tendência libertadora, cujo objetivo é transformar o aluno em um cidadão mais crítico e ativo na sociedade. Logo, tem como foco a busca por conteúdos que reflitam na realidade brasileira, abordando política e aspectos sociais dentro da sala de aula.
Tradicional
A pedagogia tradicional, vinculada à liberal, pode ser exemplificada nesta cena clássica: o professor à frente da sala, na qualidade de disseminador da cultura e do conhecimento, enquanto os alunos ficam nas cadeiras, comportadamente como ouvintes passivos. Tal pedagogia, portanto, tem o professor como o centro das informações, que são absolutas, e o aluno como apenas um ouvinte, captando o conhecimento de forma passiva. Nesse método, há muita repetição para que haja a memorização completa do aprendizado.
Relações de poder na escola tradicional
Quando se fala em pedagogia tradicional, vem mais à tona a questão das relações de poder dentro da escola. Mesmo que a relação entre professor e aluno tenha se desmembrado com o passar dos anos, o poder que os “mais fortes” – os docentes – exerce sobre os discentes ainda é muito patente. Mas é preciso ressaltar que essa relação vem cada vez mais se dissipando, principalmente por conta dos conflitos modernos (e até mesmo dos atos de violência explícita na sala de aula).
A educação tradicional implica numa relação de constante observação, ou vigilância, para com os alunos. De acordo com Foucault, a partir do momento em que há disciplina, há saber, portanto, é válido que haja essa vigilância para que os discentes sejam moldados.
A simples “hierarquização da escola”, em que os alunos devem avançar em séries, ciclos ou níveis, já é considerado uma forma de poder, mostrando ao aluno que é o status quo deve ser respeitado. Muitas vezes esse processo todo não é facilmente observado, já que ele transcorre de uma forma relativamente inconsciente.
Outro exemplo disso: a própria prova tradicional (aplicada no horário marcado e com os conteúdos “dados”) é um modo de controlar e dividir os alunos. Muitos teóricos indicam a inadequação desses exames, uma vez que cada aluno deve ser tratado como indivíduo único, com suas particularidades, em que o seu conhecimento não deve ser medido por uma folha com questões. Entretanto, é ainda muito utilizado, até mesmo no ensino superior, nas universidades, o que talvez demonstre o potencial educativo que o sistema tradicional realmente possui… Ou não?
Renovadora progressiva
Nessa modalidade, a ordem inverte-se. É o aluno que deve ser o centro das atenções, olhando-o como ser ativo na sala de aula, onde o professor é apenas um mediador entre a teoria e a prática. O aluno deve ser motivado a pesquisar, descobrir e experimentar para, assim, aprender.
Escola Nova
Nessa tendência, o autoconhecimento do aluno, sua personalidade e caráter são os principais focos dos professores, visando ao aperfeiçoamento da capacidade psicológica do discente, levando à realização pessoal. A relação entre professor e aluno se torna mais afetiva, para que haja significação pessoal para ambas as partes, em que o conteúdo traga algo significativo para a sua vida.
Tecnicista
Desenvolvida pelo teórico behaviorista Skinner, a pedagogia tecnicista promove uma relação completamente interpessoal entre docente e aluno. O professor é um agente que irá passar informações objetivas e claras para que os alunos absorvam, a fim de que fiquem preparados para o mercado de trabalho. Enfatiza, principalmente, a profissionalização deles.
A pedagogia tecnicista, portanto, centraliza – se naquele ensino profissionalizante, levando o aluno ingressar no mercado de trabalho, com a qualificação adequada. As aulas são mais objetivas e não condizem com a subjetividade da tendência da Escola Nova, por exemplo.
Pedagogia Progressista
A pedagogia progressista parte do princípio de que a realidade deve ser mostrada na educação para que o aluno seja mais crítico em relação ao modelo econômico vigente, isto é, o capitalismo. A educação, para essa tendência, deve ter uma finalidade sociopolítica.
Libertadora
Incluída na pedagogia progressista, a tendência libertadora é muito conhecida devido ao teórico Paulo Freire. Busca-se investir muito na consciência crítica do aluno para com temas sérios, como a política e problemas sociais da realidade. Com essa pedagogia, é possível formar alunos que tenham a capacidade de transformar o meio em que vivem, deixando de ser oprimidos. O professor e aluno atuam juntos, em que o primeiro coordena as atividades e há uma discussão aberta na sala de aula.
Libertária
Nessa metodologia, o aluno pode agir de forma democrática na sala de aula, buscando o que quer aprender e tentando, sempre aliar a teoria à prática, com a ajuda do mediador – o professor – que não impõe seus ideais. O contexto cultural é bastante utilizado para que o aluno se insira em situações cotidianas e consiga compreender o que deve ser feito.
A pedagogia libertária, portanto, faz com que o aluno aprenda, conforme o contexto cultural inserido, a como incorporar o que já sabe e o que aprendeu na sala de aula, para a sua vivência cotidiana.
Pedagogia crítico-social dos conteúdos
Esta última tendência, configurada a partir da década de 1970 no Brasil, prega a transmissão do conteúdo por meio das experiências e da realidade do aluno. O aluno deve estar preparado para enfrentar as diversidades e como combatê-las na sala de aula.
E quando se pensa criticamente sobre os conteúdos escolares, torna-se inevitável adaptar a realidade ao contexto escolar. Assim, existe um relativo consenso em que se deve sempre construir um currículo que vise à constituição do aluno como atuante na sociedade, imerso na sua cultura, no seu contexto de vida.
Sabemos que as disciplinas incluídas no currículo escolar têm como objetivo transmitir conhecimentos de determinadas áreas para que os alunos apliquem, de alguma forma, nas suas múltiplas realidades. O que falta é justamente isto: aliar a esse currículo as experiências vividas dos alunos na sala de aula.
Um exemplo de potencialização de um currículo por questões culturais marcantes pode ser vislumbrado na inclusão dos conhecimentos sobre a cultura africana no programa curricular de muitas escolas brasileiras. Tal inclusão demonstrou – se necessária, em virtude do papel que essa nação exerce (e exerceu) na história do Brasil.