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Página criada para educadores(as). Informações, dicas e materiais para auxílio da rotina docente.

Atividade de sondagem para Ensino Fundamental (anos iniciais)

MODELO DE ATIVIDADE:

A sugestão de texto para leitura e do desenho são por conta do Professor. Nossa sugestão é tomar a leitura e pedir para a criança que ela desenhe uma das “cenas” do texto, sendo fiel às características. É uma forma diferente de avaliar a interpretação, acessível àqueles se encontram no início da alfabetização.

ATENÇÃO: TODO CONTEÚDO ESCRITO E ATIVIDADE PARA DOWNLOAD EM PDF AO FINAL DO POST. 🙂

O QUE É A SONDAGEM?

Nos primeiros dias de aula, o professor alfabetizador tem uma tarefa imprescindível: descobrir o que cada aluno sabe sobre o sistema de escrita. É a chamada sondagem inicial (ou diagnóstico da turma), que permite identificar quais hipóteses sobre a língua escrita as crianças têm e com isso adequar o planejamento das aulas de acordo com as necessidades de aprendizagem.

COMO AVALIAR?

Você deve realizar a primeira sondagem no início do período letivo e, depois, ao fim de cada bimestre, mantendo um registro criterioso do processo de evolução das hipóteses de escrita das crianças. Ao mesmo tempo, é fundamental uma observação cotidiana e atenta do percurso dos alunos.

POR QUE AVALIAR?

Por que devemos fazer o diagnóstico inicial das hipóteses de escrita dos alunos? Além de objetivos práticos como a organização de parcerias produtivas de trabalho e o acompanhamento da evolução dos alunos, a realização da sondagem pressupõe um respeito intelectual do professor em relação ao conhecimento do aluno. Significa assumir que os alunos pensam sobre a língua escrita – formulando hipóteses sobre o seu funcionamento – e que é primordial para o desenvolvimento de um bom trabalho conhecer detalhadamente o que eles pensam sobre o sistema alfabético.

ATENÇÃO:

A sondagem não é um momento para ensinar conteúdos e sim para o aluno mostrar ao professor o que pensa sobre o sistema alfabético de escrita. Portanto, o único objetivo dessa atividade é fazer com que os alunos escrevam da maneira como acreditam que as palavras devem ser escritas.


DICAS:

  •  Essa atividade deve ser feita individualmente. Chame um aluno por vez e explique que ele deve tentar escrever algumas palavras e uma frase que você vai ditar. Escolha palavras do mesmo campo semântico, como por exemplo: lista das comidas de uma festa de aniversário, frutas, animais etc.
  • O ditado deve ser iniciado por uma palavra polissílaba, seguida de uma trissílaba, de uma dissílaba e, por último, de uma monossílaba.
  • Ao ditar, NÃO marque a separação das sílabas, pronunciando normalmente as palavras. Após a lista, é preciso ditar uma frase que envolva pelo menos uma das palavras já mencionadas, para poder observar se o aluno volta a escrevê-la de forma semelhante, ou seja, se a escrita da palavra permanece estável mesmo num contexto diferente, se realiza correções ao rescrevê-la ou se procura o que já foi registrado anteriormente na atividade.
  • A escolha das palavras do ditado deve ser muito cuidadosa. Evite palavras que tenham vogais repetidas em sílabas próximas, como ABACAXI, por exemplo, por causar um grande conflito para as crianças que estão entrando no Ensino Fundamental, cuja hipótese de escrita talvez faça com que creiam ser impossível escrever algo com duas ou mais letras iguais. Por exemplo: um aluno com hipótese silábica com valor sonoro convencional, que utiliza vogais, precisaria escrever AAAI.
  • Os monossílabos ficam para o fim do ditado. Esse cuidado deve ser tomado porque, no caso de as crianças escreverem segundo a hipótese do número mínimo de letras, poderão se recusar a escrever se tiverem de começar por ele.
  • Fique atento às reações dos alunos enquanto escrevem e anote o que eles falam, sobretudo de forma espontânea, isso pode ajudar a perceber quais as ideias deles sobre o sistema de escrita. A cada palavra ditada, peça para que o aluno leia em voz alta o que acabou de escrever.
3 sugestões de grupos de palavras e frases para o ditado:

Sugestão 1

HIPOPÓTAMO
CAVALO
GATO

O HIPOPÓTAMO ENTROU NO RIO.

Sugestão 2 
FEIJOADA
MACARRÃO
SOPA
PÃO
ALMOÇAMOS MACARRÃO ONTEM.

Sugestão 3
APONTADOR
CADERNO
LÁPIS
GIZ
COMPREI UM CADERNO NOVO PARA ESCOLA.

Hipóteses da escrita infantil, segundo Emilia Ferreiro:

Pré-silábica: subdividida em dois níveis, nessa fase, a criança não traça o papel com a intenção de realizar o registro sonoro do que foi proposto para a escrita:

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 Nível 1 – Ela apresenta baixa diferenciação entre a grafia de uma palavra e outra, por isso costuma escrever palavras de acordo com o tamanho do que está representando. Seus traços são semelhantes entre si e, muitas vezes, nem ela consegue identificar o que escreveu – leitura instável.
Algumas vezes, usa como estratégia o pareamento de desenhos com as palavras – para poder ler com mais segurança -, o que também pode caracterizar certa insegurança ao decidir que letras usar. Essa dificuldade acontece porque ela ainda não compreendeu a função da escrita e ainda confunde a escrita com desenhos.

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 Nível 2 – Embora já saiba que há uma quantidade mínima de caracteres e que seu emprego é necessário para a escrita, a criança ainda tenta criar diferenciações entre os grafismos produzidos, a partir do arranjo das letras que conhece (por poucas que sejam), mas sua escrita continua não analisável.

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Hipótese silábica: ela começa estabelecer relações entre o contexto sonoro da linguagem e o contexto gráfico do registro. Sua estratégia é a de atribuir a cada letra ou marca escrita (uma letra, pseudoletra ou até um número) o registro de uma sílaba falada, pois começa a perceber que a grafia representa partes sonoras da fala. No entanto, ainda enxerta letras no meio ou final das palavras por acreditar que, assim, está escrevendo corretamente. Nessa fase, seu maior conflito são as palavras monossílabas – para ela é necessário um número mínimo de letras para cada palavra.

Imagem relacionadaHipótese silábico-alfabética: como a criança utiliza ambas as hipóteses de escrita (pré-silábica e silábica) ao mesmo tempo, ela vivencia um momento de transição. Nessa fase, os avanços só podem ocorrer mediante informações que possibilitem o refinamento da aprendizagem relativa ao valor sonoro convencional das letras, além de oportunidades de comparação dos diversos modos de interpretação da mesma escrita.
Hipótese alfabética: ela já venceu todos os obstáculos conceituais para a compreensão da
escrita – cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores sonoros menores que a
sílaba – e realiza sistematicamente uma análise sonora dos fonemas das palavras que vai
escrever. Também já perdeu o medo de escrever (que ocorre com a maioria das crianças
quando iniciam a escolaridade), contudo ainda não domina as regras normativas da ortografia.

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Nível alfabético:  A criança desenvolve uma análise fonética, produzindo escritas com hipóteses alfabéticas. Daqui para a frente, as crianças enfrentariam outros desafios, como, por exemplo, a ortografia.

Apesar dessa subdivisão, o tempo necessário para a criança avançar de um nível para outro varia muito. Mas sua evolução pode ser facilitada pela atuação significativa do professor, que deve estar sempre atento às necessidades observadas em seu desempenho, para lhe propor atividades adequadas que a conduzirão ao nível seguinte. Logo, o processo de alfabetização não é imediato, ele tem diversas etapas e se dará ao longo dos anos subsequentes do Ensino Fundamental.

A inclusão do nome próprio nas atividades:  O nome constitui uma palavra-texto, com grau de significação ímpar, pois ele contém toda a história da criança. Portanto, é pouco provável que algum aluno, ao se apoderar do processo da escrita, não expresse forte desejo de colocá-lo em todo espaço possível. Partindo dessa concepção, o não atendimento desse desejo implica em lançar fora um recurso valioso no envolvimento da criança com o código da língua escrita.

Periodicidade da sondagem: Para acompanhar as etapas de evolução e aprendizagem de cada criança, a avaliação diagnóstica deve ser feita com regularidade – uma vez a cada 15 dias ou uma vez por mês. Durante a aplicação do processo, apenas dite para que os alunos possam escrever da maneira que acreditam ser a correta. Nunca interfira na grafia de nenhum deles, pois é a análise da forma individual de escrever que determina o nível em que cada criança se encontra e seus consequentes avanços.

As ideias da educadora argentina: Uma das principais consequências da absorção da psicogênese da língua escrita na alfabetização é a recusa ao uso das cartilhas que, segundo Emília Ferreiro, oferecem um universo artificial e desinteressante às crianças. Portanto, a compreensão da função social da escrita deve ser estimulada com o uso de textos da atualidade, livros, histórias, jornais, revistas etc.

Após a avaliação da primeira sondagem, divida a criançada de acordo com o nível apresentado e, então, passe a aplicar as sugestões de atividades que seguem – tanto aqui quanto na seção de Português -, para agilizar o processo de aprendizagem. Mas observe o desempenho de cada uma delas durante os exercícios e se, necessário, dedique alguns minutos a algumas, preferencialmente de forma individual. Após a segunda sondagem, para obter sucesso no processo, remaneje os grupos conforme a evolução individual dos alunos.

Prontidão para a escrita: Como ela se dá por meio da percepção (capacidade de discriminar sons e sinais, por exemplo) e da motricidade (coordenação, orientação espacial etc.) infantil, o ato de saber desenhar as letras deve se desenvolver em conjunto com a compreensão da natureza da escrita e sua organização.

Dicas para a realização do processo:
★ Entregue uma folha de sulfite ou pautada para cada aluno e, então, peça para cada qual colocar o seu nome (é conveniente identificar as folhas antes ou após a sondagem para saber corretamente a quem ela pertence).
★ Em seguida, dite algumas palavras para que possam escrever.
★ Depois, solicite individualmente que façam a leitura da palavra, apontando com o dedo o que foi escrito.
★ No término da primeira sondagem, registre em uma ficha (tem um exemplo que pode ser xerografado no pôster) a forma como o aluno leu (global ou silabicamente), a fase
de escrita em que ele se encontra e outras informações importantes.
★ Guarde a ficha até a próxima sondagem, repita novamente o procedimento e, na sequência, registro os avanços dos alunos.

Desempenhos díspares: Quando apresentados por crianças de classes sociais diferentes durante a alfabetização, eles não revelam capacidades desiguais, mas o acesso maior ou menor a textos lidos e escritos desde os primeiros anos de vida. Logo, vale a pena ressaltar que, em seus estudos, tanto Emilia Ferreiro quanto a pedagoga espanhola Ana Teberosky encontraram crianças que mostram uma sequência de três níveis evolutivos; em outras, uma sequência de apenas dois níveis – por exemplo, do pré-silábico ao silábico, ou do pré-silábico ao silábico alfabético, saltando um deles – ou, ainda, em menor número, crianças que passam diretamente do nível pré-silábico ao alfabético.

Sugestões de atividades para o nível pré-silábico:
★ Liste o nome de todas as crianças no quadro ou em cartazes.
★ Faça com que cada aluno identifique seu nome e, depois, o de cada colega, para que
eles percebam que nomes maiores podem pertencer às crianças menores e vice-versa.
★ Classifique os nomes pelo som inicial, em ordem alfabética ou em galerias ilustradas
com retratos ou desenhos.
★ Crie e aplique jogos com nomes (dominó, memória, boliche, bingo etc.).
★ Peça para a criançada fazer a contagem das letras e o confronto dos nomes.
★ Confeccione junto a eles gráficos de colunas com os nomes seriados em ordem de
tamanho (número de letras).
★ Repita essas mesmas atividades, utilizando palavras do universo dos alunos, tais
como rótulos de produtos ou recortes de revistas (propagandas, títulos, palavras
conhecidas etc.).
★ Após desenvolver esse trabalho em sala de aula, aplique essas sugestões durante a
sondagem.
Sugestões de atividades para nível silábico em diante
★ Organizar listas de palavras com o mesmo tema (animais, flores, alunos ausentes
etc.), que deve ser iniciada com as palavras polissílabas, depois trissílabas, dissílabas,
monossílabas e, por último, uma frase com referência ao campo semântico utilizado
(por exemplo: dinossauro, girafa, vaca, boi / a vaca está pastando). Em seguida, dite
essas mesmas palavras para que as crianças as escrevam.
★ Introduza jogos e brincadeiras com palavras (forca, cruzadinhas, caça-palavras etc.).
★ Em conjunto com as crianças, elabore um dicionário ilustrado (com desenhos,
adesivos ou recortes de revistas) com as palavras aprendidas.
★ Sugira que elas façam um diário da turma, relatórios de atividades ou projetos com
ilustrações e legendas.
★ Proponha atividades em dupla (um dita e outro escreve), a reescrita de histórias,
pesquisas de canções, parlendas e trava-línguas.
★ Após desenvolver esse trabalho em sala de aula, aplique essas sugestões durante a
sondagem.

Para saber mais:
Psicogênese da Língua Escrita, de Emilia Ferreiro (Editora Artmed).
Alfabetização: a Criança e a Linguagem Escrita, de Cláudia Maria Mendes Gontijo (Editora Autores Associados).
Reflexões sobre Alfabetização, de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky (Editora Cortez).

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